O endereço mais difícil de encontrar

 

foto: Marcelo Conrado-2019

O endereço mais difícil de encontrar

"O endereço mais difícil de encontrar é o lugar do outro". Essa frase, embora atribuída ao escritor moçambicano Mia Couto, causa ainda controvérsia porque nos sítios de busca é citada como de autoria desconhecida. Mas independente dessa controvérsia autoral, a frase tem uma simplicidade marcante, revelando um desafio que transcende a geografia física e nos conduz ao terreno complexo das emoções, das histórias e da humanidade que compartilhamos.

No frenético ritmo do mundo atual, mergulhado em individualismos e conflitos, encontrar o "endereço do outro" tornou-se uma tarefa rara e muitas vezes negligenciada. Mas, como bem sabemos, essa jornada não é apenas um ato de bondade, é uma necessidade para a construção de uma convivência genuína. Colocar-se no lugar do outro requer um coração disposto a ouvir, compreender e, acima de tudo, amar.

A Bíblia, que em muitos momentos nos chama ao exercício da empatia e da compaixão, nos lembra da importância desse gesto em Filipenses 2:3-4: "Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas, humildemente, considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros." Essa exortação nos conduz à essência do amor ao próximo, que vai além do superficial e nos desafia a uma vida de entrega, acolhimento e entendimento.

Encontrar o lugar do outro significa abdicar, mesmo que temporariamente, de nossas próprias certezas, medos e preconceitos para enxergar o mundo pelos olhos de quem está ao nosso lado. É nesse esforço de caminhar uma milha extra na estrada da empatia que nos tornamos mais humanos e mais próximos daquilo que Deus deseja para nossas vidas. Uma convivência alicerçada no amor.

Jesus, o maior exemplo de empatia e compaixão, não apenas "encontrou" o lugar do outro, mas escolheu viver nele. Ao se fazer carne e habitar entre nós, Ele assumiu nossas dores, nossas fraquezas e nossas limitações. Como afirma Hebreus 4:15, "porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado."

Portanto, buscar o lugar do outro não é apenas uma prática social ou filosófica. É um chamado espiritual. É a chave para quebrar barreiras, curar feridas e criar um mundo mais justo, onde o amor de Deus se manifesta em nossos gestos e atitudes. Que possamos, guiados por essas verdades, empenhar-nos nessa difícil, mas essencial, jornada rumo ao "endereço do outro".

Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO