O endereço mais difícil de encontrar
"O endereço mais difícil de encontrar é o lugar do outro". Essa frase, embora atribuída ao escritor moçambicano Mia Couto, causa ainda controvérsia porque nos sítios de busca é citada como de autoria desconhecida. Mas independente dessa controvérsia autoral, a frase tem uma simplicidade marcante, revelando um desafio que transcende a geografia física e nos conduz ao terreno complexo das emoções, das histórias e da humanidade que compartilhamos.
No frenético ritmo do mundo atual, mergulhado em individualismos e conflitos, encontrar o "endereço do outro" tornou-se uma tarefa rara e muitas vezes negligenciada. Mas, como bem sabemos, essa jornada não é apenas um ato de bondade, é uma necessidade para a construção de uma convivência genuína. Colocar-se no lugar do outro requer um coração disposto a ouvir, compreender e, acima de tudo, amar.
A Bíblia, que em muitos momentos
nos chama ao exercício da empatia e da compaixão, nos lembra da importância
desse gesto em Filipenses 2:3-4: "Nada façam por ambição egoísta ou por
vaidade, mas, humildemente, considerem os outros superiores a si mesmos. Cada
um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos
outros." Essa exortação nos conduz à essência do amor ao próximo, que
vai além do superficial e nos desafia a uma vida de entrega, acolhimento e
entendimento.
Encontrar o lugar do outro
significa abdicar, mesmo que temporariamente, de nossas próprias certezas,
medos e preconceitos para enxergar o mundo pelos olhos de quem está ao nosso
lado. É nesse esforço de caminhar uma milha extra na estrada da empatia que nos
tornamos mais humanos e mais próximos daquilo que Deus deseja para nossas vidas.
Uma convivência alicerçada no amor.
Jesus, o maior exemplo de empatia
e compaixão, não apenas "encontrou" o lugar do outro, mas escolheu
viver nele. Ao se fazer carne e habitar entre nós, Ele assumiu nossas dores,
nossas fraquezas e nossas limitações. Como afirma Hebreus 4:15, "porque
não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas,
mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem
pecado."
Portanto, buscar o lugar do outro
não é apenas uma prática social ou filosófica. É um chamado espiritual. É a
chave para quebrar barreiras, curar feridas e criar um mundo mais justo, onde o
amor de Deus se manifesta em nossos gestos e atitudes. Que possamos, guiados
por essas verdades, empenhar-nos nessa difícil, mas essencial, jornada rumo ao "endereço
do outro".
Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO