Nesses dias de outubro, apesar da juventude estar a viver o Halloween, poucos ainda estão a refletir sobre os acontecimentos de 505 anos atrás que promoveram um dos movimentos mais contundentes da história da civilização ocidental – a Reforma Religiosa do século XVI. Sem dúvida, a angústia nos arraiais católicos romanos era insuportável devido às heresias e práticas exercidas pelo clero romano e o Sacro Império Romano era o agente das insanidades políticas e econômicas.
Em nossos dias, de igual nodo os movimentos
cristãos que se autodenominam “detentores da verdade”, estão em decadência como
estava a igreja medieval na época de Lutero. Assim como antes, a religião
continua a ser um “negócio rentável em nome de Deus”. As carências humanas
continuam a ser inescrupulosamente exploradas. A fé continua voltada para o pragmatismo
e utilitário. O que foi a igreja romana daquela época, em sua maioria, os
movimentos cristãos atuais expressam a mesma coisa: lida-se com um paganismo
exotérico e um secularismo pós-moderno. Sem falar que, devido a todas as experiências
devidas do passado, a sociedade cada maia mais promete eliminar o cristianismo
da Europa. Pouquíssimas pessoas são conscientes de que a fé genuína pode ser
vivida sem o domínio da religião institucional vigente. A Europa cada dia mais,
vive um sistema pós-cristão, em todas as áreas: nas famílias, nas universidades
e na vida cotidiana.
Na verdade, não necessitamos mais
retornar as Escrituras, porque já a temos diante de nossos olhos, mas
necessitamos de uma reforma hermenêutica, isto é, de uma correta interpretação das
Escrituras como Palavra de Deus. Há tantas interpretações da Bíblia que muitos
são bibliólatras, são bibliófobos. Se dizemos que a Bíblia é a
única regra de fé e prática então precisamos conhecê-la e obedecê-la como a
verdadeira fonte de autoridade divina. Por isso devemos ir donde Lutero
começou. Não basta repetir ou postar nas redes sociais frases de efeito, cantar
músicas de igreja e possuir uma ética conveniente europeia. Tudo isso está no
nível do ordinário.
Fazendo o caminho
de volta ao Oriente
O oriente foi o berço da fé
cristã simples e sincera dos seis primeiros séculos da Era Crista. A fé foi
construída pela razão dos apologistas e pela piedade dos pais da oração. Hoje,
extirpa-se a piedade e ignora-se a razão. A piedade tornou-se exotérica e a
razão tornou-se racionalista. A Europa, depois do movimento iluminista do século
XVIII nunca mais percebeu a fé e procurou entendê-la a partir do humanismo
racionalista. O Oriente ainda manteve a fé no mistério revelado nas Escrituras.
Como o movimento Escolástico de Tomás de Aquino, Deus foi posto numa mesa de
laboratório, dissecado e julgados pelos mortais. Por isso, precisamos fazer o
caminho de volta. O Oriente viveu esse caminho apesar de todas as suas
complexidades.
Fazendo o caminho
da piedade cristã
Piedade não é um modelo ou uma
forma, mas tem a ver com a essência da vida. É o coração de fé cristã. A
piedade nos revela o ambiente de glória da Santíssima Trindade. Ela é o caráter
divino de Cristo. É na piedade que percebemos como Deus é: transcendente e
profundo. O movimento cristão tornou-se rebuscado e opulento. Assim era a vida
da cúpula da igreja constitucional na época de Lutero. A espiritualidade dela exige
um aniquilamento da vida piedosa e enaltece o positivismo e a prosperidade, que
não tem poupado nenhum púlpito, seja ele de linha histórica tradicionalista,
neopentecostal ou mesmo liberal.
Fazendo o caminho do
Sacramento e do Sacerdócio da vida
Voltar ao Sacramento, porque o movimento
cristão atual não somente deturpou e assassinou a Graça nos sinais e símbolos da
fé, como também usa o Sacramento como fonte de lucro. Voltar ao Sacerdócio da
vida porque vivemos uma era egocêntrica e ególatra onde todos somente se põem a
assistir o seu semelhante se obtiverem um retorno. Esse tipo de sacerdócio é
conduzido por Mamon e este ainda vive dentro de muitas igrejas.
Portanto, não basta ter a Bíblia e falar dela. Não basta viver com ela nas mãos ou nos telemóveis. Isso não fará nenhum sentido, se não for acompanhada da vida de piedade, fé, oração, do sacramento e do serviço e amor pelo semelhante, isto é, do que ela sempre ensinou. Urgentemente precisamos de uma reforma, banindo a religião sectarista, mesquinha e hedionda. Precisamos fazer o caminho de volta às origens, ao próprio Jesus de Nazaré. Então poderemos dizer que estamos a peregrinar no caminho para Deus. Indo além do caminho do ex-monge, Martinho Lutero. (Com informações do Rev. Luiz Bueno - IPCovilhã).