Foto: Gil Correia - Orla de Augusto Correia, com destaque para o Rio Urumajó
Augusto Corrêa na busca
do turismo sustentável sem perder a história
Por Gilberto Silva
Localizado na região
Nordeste do Pará, Augusto Corrêa desponta como um dos municípios que buscam se
reinventar por meio do turismo sustentável, sem abrir mão de sua memória
histórica e tradições culturais. A cidade paraense, situada a cerca de 15 quilômetros
de Bragança, integra a microrregião bragantina e faz parte da chamada Rota
Amazônia Atlântica, um projeto que vem redesenhando o mapa turístico da região
Norte do Brasil.
Origens e identidade
cultural
Antes de ser município,
Augusto Corrêa era conhecido como Vila de Urumajó, nome herdado do principal
rio que banha a cidade. Sua história está profundamente enraizada nas origens
indígenas dos Tupinambás, que foram os primeiros habitantes da região. Esses
povos deixaram marcas indeléveis na cultura local, seja nas práticas de pesca
artesanal, no modo de vida ribeirinho, nos saberes da floresta ou nos rituais
tradicionais ainda preservados por algumas famílias da zona rural.
O município foi elevado à
categoria de cidade em 1961 e recebeu o nome em homenagem ao político e jurista
paraense Augusto Corrêa da Rocha. Desde então, tem mantido uma vida pacata,
sustentada principalmente pela agricultura familiar, pesca, e mais
recentemente, pelo ecoturismo em expansão.
Turismo sustentável e a rota
Amazônia Atlântica
A Rota Amazônia Atlântica
é uma proposta de integração regional que envolve diversos municípios do
nordeste paraense, com foco em valorizar a biodiversidade, a cultura
tradicional e os atrativos naturais da região. Augusto Corrêa se destaca na rota
por sua costa repleta de manguezais, praias semi-intocadas e uma rica rede de
rios navegáveis, como o Rio Urumajó, que atrai turistas interessados em
passeios de canoa, observação de aves e experiências comunitárias com
populações locais.
A cidade tem apostado no
turismo sustentável como forma de desenvolvimento econômico e preservação
ambiental. Iniciativas como hospedagens em casas de moradores, gastronomia
baseada em produtos nativos (como o açaí, o peixe fresco e frutos do mar), e
trilhas interpretativas pela floresta de várzea vêm sendo estruturadas com
apoio de ONGs, universidades e do poder público.
Durante a recepção à
comitiva da FEBTUR, realizada no Sítio Raiz, no dia 14 de junho, o prefeito
Francisco Edinaldo Queiroz de Oliveira, mais conhecido como Estrela Nogueira,
destacou os esforços da atual gestão para consolidar Augusto Corrêa como um
destino estratégico dentro da Rota Amazônia Atlântica.
“Estamos no segundo
mandato com o compromisso de fortalecer o turismo sustentável como uma política
pública integrada. Acreditamos que desenvolver o turismo não é apenas atrair
visitantes, mas cuidar das pessoas que aqui vivem. Por isso, temos investido em
infraestrutura, educação, saúde e assistência social. Tudo isso faz parte de
uma engrenagem que contribui para receber bem os turistas, mas principalmente,
para elevar a autoestima do nosso povo, gerando oportunidades, renda e
valorização cultural. A parceria com a Rota Amazônia Atlântica vem para somar
forças nesse caminho de transformação e pertencimento,” afirmou o prefeito.
A fala reforça a ideia de
que o turismo sustentável em Augusto Corrêa está sendo trabalhado como parte de
um projeto de desenvolvimento humano e territorial, onde preservar a natureza e
promover a cultura local caminham lado a lado com ações públicas contínuas e
planejadas.
Tradições e festas
populares
Apesar de sua pequena
população e perfil interiorano, Augusto Corrêa é um reduto cultural vibrante.
Uma das maiores expressões de sua tradição é o círio de Nossa Senhora de
Nazaré, que atrai milhares de romeiros e mistura fé, música e religiosidade em
um espetáculo de devoção popular. Também se destacam os festejos juninos, os
arrastões do carimbó e a produção artesanal de cerâmicas e biojoias feitas com
sementes e elementos da natureza.
A oralidade continua
sendo uma das maiores riquezas locais. As histórias passadas de geração em
geração mantêm viva a memória dos pescadores antigos, das benzedeiras e dos
líderes comunitários que lutaram para preservar o modo de vida ribeirinho.
Potencial a ser explorado
Com um território marcado
por belas paisagens, biodiversidade abundante e um povo acolhedor, Augusto
Corrêa caminha a passos firmes na direção de um turismo que respeita o meio
ambiente e fortalece os valores locais. Ainda há desafios, como a necessidade
de melhorar o acesso viário, a infraestrutura básica e a capacitação de mão de
obra local. Contudo, a cidade mostra que é possível crescer sem apagar o passado,
equilibrando a tradição com a inovação.
Visita da Febtur
Durante a visita da
comitiva de jornalistas e comunicadores de Turismo, que participaram do II
Congresso da Febtur em Belém do Pará, um grupo de 20 pessoas se deslocaram até
a cidade e participaram ativamente das visitas ao Sítio Raiz e na Fazenda
Bacuri, conhecendo as atividades desenvolvidas, bem como de outros integrantes
da rota Amazônia Atlântica, como o pescador Senhor Sacaca e o artesanato do Ipê
Porã, entre outras ações praticadas pelos parceiros envolvidos.
Augusto Corrêa é,
portanto, mais do que um destino turístico. É um retrato vivo da Amazônia
paraense. Diversa, resistente, generosa e agora, com um futuro promissor, sem
esquecer de onde veio.
Foto João Ramid: Prefeito Estrela Nogueira (c) com parte
dos integrantes da Rota Amazônia Atlântica, no Sitio Raiz
Foto: Gil Correia: Praça da Matriz de Augusto Corrêa
Foto: Pedro Guerreiro/Ag. Pará - Vista aérea da cidade