Quando sair de casa, agasalhe-se bem. Tem gente fria lá fora

 


"Quando sair de casa, agasalhe-se bem. Tem gente fria lá fora."

Essa frase simples carrega um significado profundo e, ao mesmo tempo, um alerta para a alma. Ela não fala apenas sobre se proteger do frio físico, mas sobretudo do frio emocional, espiritual e humano que, muitas vezes, encontramos pelo caminho.

Vivemos em uma sociedade onde a correria, a competição, os traumas e as dores têm transformado muitos corações em verdadeiras geleiras. Há pessoas que se tornaram frias, indiferentes, distantes, incapazes de demonstrar afeto, empatia ou compaixão.

O mundo, às vezes, se mostra um lugar de olhares vazios, de palavras ásperas, de julgamentos apressados, de mãos fechadas e corações trancados. E é nesse ambiente que somos chamados a caminhar, a viver, a trabalhar, a conviver.

Por isso, "agasalhar-se bem" não é um mero conselho, é uma necessidade para a alma sensível, para o coração que ainda pulsa amor, esperança e bondade. Agasalhar-se significa vestir-se de proteção interior, criando barreiras contra a maldade, contra a frieza, contra a indiferença, mas sem perder a doçura, sem perder a essência, sem perder o brilho nos olhos.

O que é esse agasalho? É a fé, que aquece o espírito quando tudo parece escuro. É a esperança, que nos impede de sermos contaminados pelo desânimo e pela desesperança. É o amor, que mantém aceso o fogo da humanidade, mesmo quando os ventos gelados da indiferença sopram forte.

É o perdão, que impede que as ofensas congelem nosso coração. É a sabedoria, que nos faz entender que nem toda frieza é maldade; às vezes, é dor, é trauma, é alguém que já sofreu demais. É a gentileza, que, mesmo que não mude o outro, muda a nós mesmos e torna nosso caminho mais leve.

Há gente fria lá fora. Gente que não aprendeu, ou desaprendeu, a amar, a cuidar, a respeitar. Há quem viva de ferir, de julgar, de competir, de humilhar, de sugar energia alheia. Há quem ande tão congelado emocionalmente que não percebe o quanto suas palavras e atitudes podem cortar como gelo.

Mas também há quem, mesmo vivendo nesse inverno humano, decidiu ser calor, decidiu ser abrigo, decidiu ser fonte de luz e amor. São essas pessoas que, vestidas com os agasalhos da alma, fazem a diferença no mundo.

Como temos saído de casa? Com a alma desprotegida, vulnerável à frieza dos outros? Ou temos nos revestido das virtudes que nos aquecem e nos fortalecem?

E mais. Somos parte do problema ou da solução? Estamos sendo calor para quem cruza nosso caminho, ou, sem perceber, também temos espalhado frieza, indiferença, impaciência e julgamentos?

Por mais que o mundo esteja frio, não permita que o frio do outro congele a sua essência. Vista-se de amor. Cubra-se de empatia. Envolva-se com fé. Proteja sua mente com pensamentos de paz. Aqueça seu coração com esperança. E, se possível, seja você aquele que oferece um cobertor emocional para quem anda desprotegido.

Porque, no final das contas, quem carrega o calor do amor dentro de si, transforma o inverno do mundo em primavera na vida de quem encontra.

Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO