Essa reflexão crítica pode ser teologicamente aprofundada com base em Apocalipse 3:1, onde Jesus diz à igreja de Sardes: "Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto." - Apocalipse 3:1b.
A crítica à chamada "Igreja Reborn", que remete ao conceito de bonecas "reborn", extremamente realistas, mas sem vida, ecoa fortemente o diagnóstico de Jesus à igreja de Sardes. Esta era uma comunidade que mantinha as aparências, mas cuja espiritualidade havia se esvaziado de essência e poder transformador. A igreja parecia viva aos olhos humanos, mas aos olhos de Deus, estava morta.
Essa crítica revela uma
realidade alarmante no evangelicalismo contemporâneo. Comunidades que se tornam
esteticamente atrativas, emocionalmente cativantes e teologicamente suaves, mas
que falham em promover arrependimento genuíno, santidade, e o novo nascimento
espiritual pelo Espírito Santo (João 3:3-6).
Muitos cultos hoje
priorizam a experiência sensorial. Há luzes, músicas, discursos motivacionais,
mas pouca confrontação com o pecado, portanto uma emoção sem transformação.
Jesus nos advertiu que o Espírito Santo viria para "convencer o mundo do
pecado, da justiça e do juízo" (João 16:8), e não apenas para confortar
emocionalmente.
Auditórios cheios, mas
Céu vazio. O crescimento numérico pode ser enganoso. Nem todo ajuntamento é
fruto de genuína conversão. A salvação vem pela fé em Cristo e por meio da
regeneração. Uma igreja pode estar "cheia de pessoas", mas
espiritualmente vazia, se não estiver formando discípulos, mas apenas
admiradores.
Bençãos sem cruz é a teologia
da prosperidade, que promete vitórias sem exigência de renúncia. Jesus disse: "Se
alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e
siga-me" (Lucas 9:23). Cristianismo sem cruz é uma caricatura do
Evangelho. Não há ressurreição sem morte. Não há glória sem sofrimento; não há
Reino sem arrependimento.
Paulo advertiu que, nos
últimos dias, haveria os que "teriam aparência de piedade, mas negariam
o poder dela" - 2 Timóteo 3:5. O poder do Evangelho não está apenas em
consolar, mas em salvar, transformar e santificar. Uma igreja que apenas afaga
consciências, mas não chama à conversão, não está cumprindo sua missão.
Uma fé
"reborn", de aparência realista, mas sem vida interior, é uma
tragédia espiritual. Que possamos ouvir o chamado de Jesus à igreja de Sardes: "Sê
vigilante e fortalece o que resta, e que estava para morrer; porque não tenho
achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus." - Apocalipse 3:2.
É tempo de abandonar as
máscaras da religiosidade e buscar a vida do Espírito, que não apenas emociona,
mas transforma. Que sejamos uma igreja viva de verdade, nascida do alto, e não
apenas "fabricada" por aparência.
Pr. Gilberto Silva –
Gurupi-TO