O martelo da graça em construir e reconstruir com humildade


 O martelo da graça em construir e reconstruir com humildade

O martelo é uma ferramenta que carrega em si um paradoxo fascinante. De um lado, está a cabeça sólida e pesada, desenhada para fixar. Do outro, a garra curva, que se torna uma aliada para desfazer o que foi feito. Essa dualidade não é apenas prática; ela é também profundamente simbólica. No simples ato de pregar e arrancar pregos, encontramos uma poderosa lição sobre humildade, graça e redenção.

Na vida, somos muitas vezes como o martelo. Usamos nossas palavras, ações e decisões para fixar ideias, construir relacionamentos, estabelecer metas. Mas, em nossa limitação humana, cometemos erros. Pregamos os "pregos" em lugares errados, causamos danos onde pretendíamos construir. E é aqui que a garra do martelo nos ensina algo essencial que é a importância de reconhecer os erros e buscar corrigi-los.

A Bíblia nos oferece um caminho para essa reflexão. Em Provérbios 28:13, lemos: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” A garra do martelo nos lembra dessa misericórdia. Ela nos convida a admitir quando pregamos em um lugar errado e a tomar medidas para desfazer o dano. Este ato, longe de ser um sinal de fraqueza, é uma demonstração de força e sabedoria.

A garra, entretanto, exige esforço. Assim como retirar um prego pode requerer força e paciência, corrigir erros demanda coragem e humildade. Muitas vezes, nós nos agarramos ao orgulho, preferindo manter o prego onde está, mesmo sabendo que ele está fora do lugar. Mas o exemplo de Jesus nos desafia a adotar uma postura diferente. Ele nos mostrou, através de sua vida e morte, que a verdadeira força está em servir, perdoar e reconstruir.

Em Filipenses 2:3-4, Paulo escreve: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” Quando usamos a “garra” para corrigir nossos erros, não apenas consertamos as nossas próprias falhas. Também trazemos alívio e restauração àqueles que foram impactados por nossas decisões equivocadas.

O martelo também nos ensina algo sobre a colaboração entre justiça e graça. A cabeça que fixa os pregos é firme e decidida, assim como a justiça de Deus. Já a garra, que remove com cuidado, é a expressão da graça divina. Nós precisamos de ambas em nossas vidas. Da justiça para nos guiar no caminho certo e da graça para nos redimir quando desviamos.

Portanto, sejamos como o martelo completo, um instrumento que constrói e corrige. Ao pregar nossos “pregos”, que busquemos fazê-lo com propósito e sabedoria. E, quando errarmos, que tenhamos a humildade de usar a “garra” para reparar, confiando que Deus é fiel para nos perdoar e nos restaurar. Assim, como artesãos de nossas próprias vidas, construiremos algo que reflita a graça e o amor do Criador.

Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO