Nos últimos tempos, é evidente
que muitas igrejas têm experimentado uma contradição preocupante. Os bancos e
cadeiras estão repletos de pessoas, mas seus corações estão vazios. Essa
realidade aponta para uma crise espiritual profunda que transcende as aparências
externas de participação religiosa. Casais destroçados, sem comunicação, sem
unidade, convivem sob pressão, muitas vezes imposta pela própria dinâmica
institucional ou pela liderança que insiste em uma participação superficial e
mecânica.
Quantas famílias chegam ao culto fisicamente presentes, mas espiritualmente ausentes? Dentro de casa, reina o silêncio ou o conflito, enquanto fora, mantém-se uma fachada de espiritualidade para atender às expectativas alheias. Essa pressão não apenas mascara o vazio interior, mas também impede que a verdadeira cura comece onde deveria, dentro do lar.
O vazio espiritual disfarçado
Muitos líderes, com a melhor das
intenções, incentivam a participação ativa nos cultos, mas acabam ignorando que
a verdadeira transformação começa na intimidade da relação com Deus e na
unidade familiar. Famílias divididas não conseguem sustentar uma vida cristã
autêntica. Sem arrependimento genuíno, sem reconciliação e sem uma busca
profunda pela presença de Deus, qualquer esforço para "encher" a
igreja resulta apenas em mais vazio.
Infelizmente, muitos líderes até
reconhecem o problema, mas, por gostarem de ver as cadeiras cheias, preferem
ignorá-lo. Esses líderes deixam de cumprir o verdadeiro papel de um pastor, de
orientar, sugerir um momento em família, como um cinema, um jantar ou um
passeio no parque com os filhos. Muitas vezes, o problema não é espiritual, mas
os pastores insistem em tratar tudo como questão espiritual e acabam não
praticando o verdadeiro pastoreio.
O papel do lar na verdadeira
comunhão
A família é o primeiro altar, o
lugar onde a adoração deve florescer. Antes de se tornarem frequentadores
assíduos de cultos, os casais precisam redescobrir o poder da oração em
conjunto, do diálogo sincero e do arrependimento. É em casa que a fé é
solidificada, que a unidade é reconstruída e que a presença de Deus é
verdadeiramente experimentada.
Não se trata de abandonar a
igreja, mas de priorizar o que realmente importa. O culto corporativo tem seu
lugar vital na vida cristã, mas ele deve ser uma extensão daquilo que já ocorre
no lar. Quando um casal ora junto, dialoga abertamente e busca em unidade a
direção de Deus, eles trazem à igreja uma espiritualidade genuína que edifica a
comunidade ao invés de apenas ocupar espaço.
Um chamado ao arrependimento
Lideranças precisam reconhecer
que a solução não está em pressionar os membros a preencherem um calendário de
atividades, mas em conduzi-los ao arrependimento e à restauração pessoal e
familiar. As igrejas precisam ser um espaço de acolhimento e renovação, onde as
pessoas sintam liberdade para expor suas fraquezas e encontrar apoio para
restaurar suas vidas.
Melhor é começar em casa
Que possamos reconhecer os sinais
de vazio espiritual e buscar a plenitude da presença de Deus. Só assim as
cadeiras das igrejas estarão preenchidas por crentes verdadeiramente cheios do
Espírito Santo.
Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO