Armadilha chamada expectativa
As expectativas são armadilhas
invisíveis, habilidosamente arquitetadas por nossas próprias mentes. Elas se
alimentam de sonhos, desejos e suposições, criando cenários imaginários onde
tudo acontece conforme o roteiro que escrevemos silenciosamente. Mas a
realidade, em sua imprevisibilidade implacável, raramente lê esse roteiro.
Vivemos esperando respostas,
gestos, reconhecimentos. Idealizamos momentos perfeitos, palavras ditas no tom
certo, olhares que traduzam compreensão. Criamos personagens em nossas
histórias – o amigo infalível, o amor que não falha, o chefe justo, o filho
obediente – e nos frustramos quando eles não correspondem ao papel que
designamos a eles sem aviso prévio.
A verdade é que depositar nossas
felicidades em expectativas é como construir castelos na areia. O mais leve
sopro de realidade é capaz de desmoroná-los. E, no entanto, é de a natureza
humana esperar. Esperamos o tempo melhorar, o salário aumentar, o amor
acontecer. Esperamos pela sexta-feira, pelas férias, pela aposentadoria.
O problema não está em desejar,
mas em esquecer que o controle que temos sobre a vida é muito menor do que
imaginamos. Aprender a viver com os pés no chão, abraçando a incerteza e
apreciando as surpresas – boas ou não – é um exercício que requer coragem.
A expectativa se desfaz quando a
gratidão toma seu lugar. Agradecer pelo que se tem, pelo que se vive, pelo que
se aprende, é uma forma de escapar da armadilha. É lembrar que, mesmo quando o
dia não corresponde ao que sonhamos, ele nos oferece a chance de tentar de
novo.
"Confia no Senhor de todo
o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento"
(Provérbios 3:5). Esse versículo nos lembra que, ao invés de confiarmos
cegamente em nossas expectativas, devemos colocar nossa fé em Deus, que guia
nossos passos mesmo quando os caminhos parecem incertos.
E assim, trocamos o peso das
decepções pela leveza da aceitação. Pois quem aprende a não esperar nada além
do que a vida oferece, encontra paz no inesperado e valor no simples. Afinal,
viver é aprender a lidar com o que vem – seja lá o que for.
Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO