A Chama que nunca se apaga


 A Chama que nunca se apaga

    No início, era só silêncio. Um silêncio que sufocava, como correntes invisíveis, ainda mais pesadas que as que marcavam os corpos. Mas, no fundo desse silêncio, havia vozes. Pequenas, abafadas, mas insistentes. Vozes que se recusavam a ser apagadas pela história, que murmuravam esperanças e sussurravam futuros.

    Essas vozes ganharam nomes. Zumbi, Dandara, Luiz Gama, Carolina Maria de Jesus. Cada um, em seu tempo, enfrentou a brutalidade de uma sociedade que insistia em apagar o brilho de sua pele e a força de seu espírito. E quando caíram, outros se levantaram, carregando suas bandeiras, seus sonhos, suas dores.

    O Dia da Consciência Negra não é apenas um marco no calendário. É um altar erguido em memória dos que vieram antes, dos que tombaram na luta, mas que nunca permitiram que a chama da resistência se apagasse. É um espaço para lembrar que cada passo em direção à igualdade foi conquistado com suor, lágrimas e sangue.

    É impossível não pensar naqueles que desafiaram o impossível. Aqueles que, mesmo diante da violência, acreditaram que o amor poderia ser mais forte. Que mesmo nas sombras das senzalas e na opressão das ruas, ousaram imaginar um futuro em que seus filhos seriam livres.

    Hoje, caminhamos sobre o chão que eles lavraram, sobre a terra que fertilizaram com sua coragem. Suas lutas ecoam nas nossas conquistas, e suas derrotas nos alertam para o que ainda precisamos enfrentar. O racismo, a desigualdade, a exclusão social, são feridas que ainda latejam, mas que nos lembram que a luta nunca foi em vão.

    Cada vida que se ergue para desafiar a opressão, cada voz que se recusa a silenciar, carrega consigo o legado de resistência. O Dia da Consciência Negra é um tributo aos que caíram e aos que continuam a se levantar.

    A chama que eles acenderam arde em cada um de nós. Que ela nunca se apague, que continue iluminando o caminho para um mundo onde todos sejam vistos, ouvidos e valorizados, não pelo tom de sua pele, mas pela força de seu caráter e pela beleza de sua humanidade.

    E assim, seguimos. Não apenas em memória, mas em movimento. Porque a luta não terminou. Mas enquanto a chama arder, nunca desistiremos.

    Que a cada 20 de novembro seja um lembrete de que a consciência é uma jornada, não um ponto de chegada.

Gilberto Silva


Consciência que respira

Negra é a cor da noite, que abraça o dia,

É a força que resiste, é pura energia.

Das senzalas às ruas, a luta é constante,

O passado ecoa, mas o futuro é vibrante.

Negra é a alma que canta, dança e cria,

História que pulsa, que nunca silencia.

Nas mãos calejadas, nas vozes de dor,

Há sementes de luta, há frutos de amor.

Zumbi vive em cada sonho que se levanta,

Em cada vida que insiste, que nunca se espanta.

A história é de guerra, mas também de vitória,

O povo resiste e reescreve a memória.

Consciência não é apenas um dia a lembrar,

É chama que arde, é dever de lutar.

Por igualdade, justiça e dignidade plena,

Contra o racismo que ainda envenena.

Celebremos a força de um povo que não se cansa,

Que transforma a dor em fé, a luta em esperança.

Negra é a cor da resistência, da voz que não cala,

Um grito por liberdade que jamais se abala.

                                     

                                         Gil Correia  - 20/11/2024

Respeito não tem cor. Tem consciência