Imagem: Lutero queima a bula na praça de Wittenberg em 1520, por Karl Aspelin
No mês de outubro é comemorado, no dia 31, mais um aniversário – 505 anos, da Reforma Protestante, quando Martinho Lutero, monge e padre da Ordem Agostiniana, fixou na porta da Catedral de Wittemberg, na Alemanha, 95 temas que revelaram o desvio da Igreja Cristã Ocidental no tocante a prática da fé, da graça divina e o uso das Escrituras Sagradas. Basicamente, Lutero declarava que o evangelho de Cristo não podia ser trocado por dinheiro, como a compra das “indulgências” oferecidas pela Igreja, que prometia o perdão eterno e anos de salvação pelo valor que alguém se dispusesse a pagar.
Este ato foi suficiente para dar início a uma revolução na Europa que culminou na Reforma Religiosa do século 17. A partir de então, a Igreja Católica Romana foi sacudida por movimentos liderados por vários padres e teólogos, que também afirmavam, segundo a Bíblia, a necessidade de um retorno ao Cristianismo original, porque a igreja havia se “desviado” de seu foco, a testemunhar livremente da Verdade que era Cristo, fundamentada nas Escrituras Sagradas e recebida unicamente pela Graça de Deus.
Hoje, depois de 505 anos desta revolução, a igreja, que antes era chamada de “protestante”, agora é chamada de “evangélica”, possuindo pelo menos 80 mil denominações fragmentadas no mundo todo e a cada dia vai se distanciando mais do foco que viveu a Igreja Primitiva. Muitas dessas fragmentações são mais comprometidas com elas mesmas do que com o próprio Evangelho que Lutero e tantos outros defenderam. A liturgia de culto, que antes era um serviço prestado a Deus, hoje é um showbusiness, onde se canta mais do que se serve e suas músicas fazem parte do mundo gospel de artistas famosos.
Assim como em todas as épocas, as comunidades cristãs necessitam fazer uma autocrítica de seus princípios e envidar esforços para retornar à simplicidade e verdade do Evangelho. Quando isso não acontece as comunidades vão morrendo e a fé torna-se apenas uma oratória. Portanto, neste mês que comemoramos a Reforma, devemos nos lembrar de Lutero e tantos outros que viveram a fé para a sua geração. Não desejamos voltar a Época Medieval, mas sim aos princípios da vida do Evangelho simples e sincero. Jamais deixemos que a Fé seja sinônimo de troca e discurso. Precisamos hoje de homens e mulheres, que como Lutero, tiveram a coragem para mudar e sinceridade para manifestar a fé em todas as áreas de suas vidas. Com informações de Rev. Luiz Bueno – Igreja Presbiteriana de Covilhã – Portugal.