Liderar é elevar
“Liderança não é sobre ser o melhor. É sobre fazer os outros melhores.” – Nelson Mandela
Essa afirmação de Nelson
Mandela ressoa como um chamado à consciência em tempos de barulho, vaidade e
vaivém de egos inflados. Em uma sociedade onde muitos confundem liderança com
holofotes, púlpitos ou cargos de chefia, Mandela nos ensina que o verdadeiro
líder não brilha sozinho, ele acende luzes ao redor.
Hoje, há um culto ao
desempenho individual, à imagem imaculada nas redes, à força imposta na
política e à autoridade cega nos círculos religiosos. Liderar virou sinônimo de
impor, silenciar, ditar. A humildade virou fraqueza; o serviço, um peso; a
escuta, uma raridade. Vivemos dias em que a ganância se veste de competência, a
opressão se mascara de zelo, e a intolerância bate no peito com o nome da
verdade.
Nos ambientes religiosos,
muitos confundem unção com autoritarismo. Em vez de pastores que apascentam,
surgem gestores da fé, que controlam rebanhos com medo e manipulação. Nos
espaços sociais, líderes comunitários se perdem entre favores políticos e a
sede de controle. E no ambiente de trabalho, tornou-se "normal" o
assédio disfarçado de cobrança, a pressão travestida de produtividade, o
esgotamento mental como moeda de sucesso. Isso não é liderança, é prepotência.
Mandela, com seu
histórico de dor, cárcere e reconciliação, não liderou esmagando, mas elevando.
Ele não se tornou um ícone mundial por ser o mais poderoso, mas por ser o mais
humano. Sua grandeza estava em ver grandeza nos outros, até mesmo nos que o
haviam ferido. Ele compreendia que fazer o outro florescer é o mais alto
exercício de liderança.
Precisamos urgentemente
de líderes que saibam caminhar ao lado e não à frente. Que saibam ouvir,
ensinar, acolher. Que corrijam com amor e orientem com verdade. Que sirvam como
Cristo lavou pés e não como quem empunha cetros. Gente que entenda que a vida
não é uma escada de competição, mas uma ponte de cooperação.
Liderar é ajudar o outro
a se encontrar, a crescer, a crer em si mesmo. É ser espelho e não muralha. É
abrir caminhos e não construir tronos. É preparar sucessores e não adoradores.
Que venham os novos
líderes. Que eles tenham mais empatia que eloquência. Mais caráter que carisma.
Mais coragem para amar do que ambição para vencer. Que, como Mandela, liderem
não para serem os melhores, mas para que todos possam ser melhores.
Pr. Gilberto Silva –
Gurupi -TO