Se Jesus viesse hoje, seria crucificado de novo?

 


Se Jesus viesse hoje, seria crucificado de novo?

Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.” - João 1:11

Há uma semana, os cristãos de todo o mundo comemoraram a data da crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo, que é considerado o acontecimento mais importante da história. Mas se Cristo voltasse hoje, seria diferente?

Em um mundo onde a imagem importa mais que o conteúdo, onde os sistemas religiosos se institucionalizaram e os poderes políticos se blindaram, a vinda de Jesus de Nazaré não passaria despercebida. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, Ele não seria recebido com festas oficiais, cultos multitudinários e transmissão ao vivo em cadeia nacional. Provavelmente, seria visto com suspeita, perseguido e, mais uma vez, rejeitado.

Jesus nunca buscou agradar a elite ou manipular massas. Ele não se aliou aos poderosos de Jerusalém nem foi conivente com os interesses do Império. Sua agenda era divina, seu método era a compaixão, e sua autoridade vinha do alto. Tocava os intocáveis, falava com as mulheres desprezadas, dava atenção às crianças ignoradas, comia com pecadores, curava em dias “errados” e denunciava o pecado disfarçado de religiosidade. Ele era, e é, luz que expõe as trevas, pão que sacia a alma, caminho que desafia os atalhos. E isso incomodava profundamente.

Se Jesus aparecesse hoje em nossas ruas, igrejas, praças ou redes sociais, veríamos novamente os sinais da rejeição: Religiosos o acusariam de “não respeitar a doutrina” por acolher sem exigir performance moral imediata. Políticos o temeriam, pois Ele não negociaria princípios nem se curvaria à manipulação. Sociedades o ridicularizariam, chamando-O de ultrapassado, idealista, radical. As Mídias o distorceriam, como fazem com qualquer voz que ame a verdade mais do que a fama. Poderosos o calariam, se necessário, com escárnio ou cruz. Sim, é desconfortável imaginar isso. Mas é coerente com a realidade do evangelho. O mesmo Cristo que foi rejeitado, crucificado e ressuscitado, continua sendo um escândalo para os sistemas do mundo.

Entretanto, os corações quebrantados ainda o reconheceriam. Ele seria encontrado nas comunidades esquecidas, nos presídios, nas ruas, nos hospitais, nas igrejas que ainda oram com lágrimas, nos lares em que o pão é pouco, mas a fé é abundante. Seria ouvido por crianças e idosos, abraçado pelos cansados, seguido pelos famintos de justiça e verdade.

Mas mais importante que especular como o mundo reagiria a Jesus, devemos refletir sobre como você e eu temos respondido à Sua presença hoje. Quando Ele nos confronta, resistimos ou nos rendemos? Quando Ele nos chama para o perdão, obedecemos ou racionalizamos? Quando Ele exige coragem, nos escondemos atrás da religião ou caminhamos com fé?

Cristo continua vindo: em Sua Palavra, no clamor dos marginalizados, na voz do Espírito Santo que nos convence do pecado e nos chama à justiça. Ele não vem com filtros digitais, marketing religioso ou promessas populistas. Ele vem como sempre veio. Humilde, verdadeiro, irresistivelmente santo.

A pergunta não é se Jesus seria crucificado de novo. A pergunta é se há lugar para Ele em seu coração, em sua agenda, em sua prática de fé? Que Jesus não encontre em nós um novo Gólgota. Que encontre uma cruz já tomada por nós, onde nosso eu foi crucificado. E um coração rendido, humilde e disponível.


Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO