nutrem o ventre da terra, sustentam o bicho e o homem.
Belotas, sempre belotas, rolam na história antiga,
alimento de porcos e ovelhas, resistência dos famintos.
mastigaram seu amargor/verde e doce/madura , enquanto o tempo ardia lento.
mas no desespero e na guerra foram pão onde não havia trigo.
e mesmo desprezadas em dias fartos, são dádivas quando falta tudo.
No chão fértil repousam, dormem até a nova estação,
esperam em silêncio e paciência, pois sabem que sua hora virá.
E o homem, sempre esquecido, não olha para elas até precisar.
Mas elas esperam, generosas, no silêncio das florestas.
belotas caem como promessas, pequenos tesouros do destino.
E um dia, quem sabe, o homem verá que na simplicidade escondia-se a grandeza,
e que a terra sempre dá o que basta, se soubermos olhar para ela.
Os carvalhos sussurram segredos aos ventos que dançam entre os galhos,
narram histórias de tempos imemoriais, onde reis e camponeses se igualavam na fome.
Cada belota contém um universo, um futuro tronco, folhas e raízes,
um abrigo para pássaros e sonhos, um ciclo de vida que se renova sem pressa.
Belotas, sempre belotas, as sementes de um amanhã possível,
um convite ao equilíbrio esquecido, um lembrete de que a terra ainda fala.
E se um dia deixarmos de vê-las, se os carvalhos forem esquecidos,
quem contará as histórias do vento? Quem sussurrará ao tempo suas raízes?
Nas mãos de um velho camponês, uma belota repousa como herança,
promessa de sombra para os netos, testemunha do tempo e da paciência.
Belotas, sempre belotas, no chão, no vento, na memória,
guardando os ciclos da vida, ensinando que a espera também nutre.