Judas e o último apelo de Jesus
A narrativa da Ceia no Evangelho
de João, descrita no Capítulo 13, versos 21 a 30, revela a profundidade do amor
e da graça de Jesus, mesmo diante da iminência da traição. Quando Jesus declara
que um dos discípulos o trairia, a tensão no ambiente é evidente. Os discípulos
olhavam uns para os outros, confusos, enquanto Pedro sinaliza ao discípulo
amado para perguntar quem seria o traidor. Jesus, em um gesto carregado de
significado, identifica Judas como o traidor ao entregar-lhe um pedaço de pão
molhado.
Esse gesto, aparentemente simples, carrega um simbolismo profundo. No contexto judaico, oferecer um pedaço de pão molhado era uma demonstração de honra e amizade. Judas, ocupando uma posição de destaque à mesa, possivelmente à esquerda de Jesus, lugar de proximidade e honra, foi alvo de um último ato de amor e misericórdia por parte do Mestre. Ao oferecer o pão, Jesus não apenas revelou quem o trairia, mas também fez um apelo silencioso ao coração de Judas.
A escolha de colocar Judas em uma
posição tão significativa demonstra que, até o último instante, Jesus buscou
alcançá-lo. Ele não apenas tolerou Judas, mas o amou profundamente,
oferecendo-lhe uma chance final de arrependimento. A entrega do pão molhado é
um convite à reflexão, um ato de graça em meio à traição iminente. Mesmo
sabendo do desfecho, Jesus mostrou que seu amor não era condicionado, mas
absoluto e imutável.
Por outro lado, a ação de Judas,
que teria colocado sua mão no prato simultaneamente com Jesus, pode indicar sua
resistência à voz da consciência e ao apelo divino. Esse gesto quebra uma norma
cultural e reflete simbolicamente sua escolha de romper com a comunhão
oferecida por Jesus. Ele não apenas rejeitou o apelo, mas escolheu seguir o
caminho que já havia traçado.
Essa cena nos ensina sobre o
caráter de Cristo, que oferece graça mesmo quando sabe que será rejeitado. Ela
também nos desafia a examinar nosso próprio coração. Como respondemos às
oportunidades que Deus nos dá para nos arrependermos e caminharmos em comunhão
com Ele? Judas, mesmo diante da maior demonstração de amor e paciência,
escolheu a traição. O que escolheremos nós?
Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO