A igreja, como corpo de Cristo,
tem um chamado claro, ser testemunha do evangelho, levando as boas novas a
todas as nações (Atos 1:8). No entanto, a percepção do mundo em relação à
igreja, muitas vezes, é moldada pelas escolhas e prioridades que ela demonstra
em sua atuação pública. A pergunta essencial é saber se o mundo está vendo uma
igreja em peregrinação para Jerusalém, cumprindo sua missão espiritual, ou uma
igreja que busca o poder e a influência de Brasília, das câmaras de vereadores
ou das assembleias legislativas? Essa questão nos desafia a refletir sobre o
papel e a essência da igreja no contexto contemporâneo.
Jerusalém ou Brasília?
No contexto bíblico, Jerusalém
simboliza a cidade onde Jesus cumpriu Sua missão redentora e para onde Ele
direcionou os discípulos a começarem a obra de testemunho (Lucas 24:47-49). É o
lugar onde a igreja primitiva nasceu e de onde ela partiu para transformar o
mundo com a mensagem do evangelho. Ir para Jerusalém, portanto, representa a
busca pela fidelidade ao chamado espiritual: ser sal e luz (Mateus 5:13-16).
Por outro lado, Brasília, assim
como qualquer sede de poder político, representa o risco da igreja se desviar
de sua missão espiritual para buscar poder e influência terrena. Participar do
cenário político pode ser legítimo para cristãos que desejam promover a justiça
e o bem comum. Contudo, quando isso se torna uma prioridade ou substitui o
papel essencial da igreja, ocorre um desvio perigoso.
A bancada evangélica não é
Jesus
A Bíblia é clara ao nos lembrar
que Jesus é o fundamento da igreja (1 Coríntios 3:11). Ele não delegou Sua
missão redentora a sistemas políticos ou a partidos, mas à igreja como comunidade
espiritual.
Embora seja válido que cristãos
participem da política, a "bancada evangélica" não pode ser
confundida com a representação do Reino de Deus. O Reino de Deus é muito maior
do que qualquer agenda política ou partido. A verdadeira transformação que
Jesus oferece começa no coração das pessoas e se reflete na sociedade, não o
contrário.
"O meu Reino não é deste
mundo" (João 18:36) foi a resposta de Jesus a Pilatos. Isso nos ensina
que, enquanto a política pode ser uma ferramenta para promover valores éticos,
ela não é o veículo para manifestar plenamente o Reino de Deus.
O perigo de perder o testemunho
Quando a igreja se torna mais
conhecida por sua busca por poder político do que por seu amor, compaixão e
proclamação do evangelho, ela corre o risco de perder seu testemunho. Paulo
adverte: "Porque nós não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o
Senhor" (2 Coríntios 4:5).
Se o mundo vê uma igreja que
briga por influência em vez de viver os valores de Cristo, o impacto espiritual
diminui. Isso gera ceticismo e endurecimento, especialmente em uma sociedade
que busca autenticidade e coerência.
A verdadeira missão da igreja
está em promover uma transformação que começa de dentro para fora. Isso inclui,
entre outras coisas, pregar o evangelho, "Ide por todo o mundo e pregai
o evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15); praticar a justiça:
"Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça" (Mateus
6:33) e demonstrar amor e serviço. "Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros"
(João 13:35). A presença de cristãos na política pode ser uma extensão desse
serviço, mas nunca a essência do evangelho.
O que o mundo precisa ver no rosto
da igreja
O mundo deve ver no rosto da
igreja o reflexo de Cristo, o amor sacrificial, a compaixão pelos perdidos, a
busca pela justiça e a fidelidade à Palavra de Deus. "Portanto, sede
imitadores de Deus, como filhos amados, e andai em amor" (Efésios
5:1-2). Quando a igreja vive de acordo com esses princípios, ela se torna uma
luz que atrai e transforma, ao invés de afastar e dividir.
Mas a pergunta central permanece.
O que o mundo está vendo no rosto da igreja? Que nossa resposta seja de uma
igreja comprometida com Jerusalém, ou seja, com sua missão espiritual e eterna.
Que sejamos conhecidos não pela busca de poder político, mas pelo amor
incondicional e pelo compromisso inabalável com Cristo.
"Assim resplandeça a
vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem
a vosso Pai, que está nos céus" (Mateus 5:16).
Pr. Gilberto Silva – Gurupi-TO –
Com informações do pastor Carlos Eduardo, em trecho de uma pregação das redes sociais,
com ênfase na pergunta central que norteia o texto: O que o mundo está vendo
no rosto da igreja?